Artesanato é cultura
Alagoa Nova realiza a XXI Exposição e Feira Municipal de Artesanato
Com uma tradição que já dura há 60 anos, o artesanato se tornou fonte de renda para muitas mulheres
Rafaela Lima
Centro Artesanal de Alagoa Nova FOTO: Rafaela Lima
Uma tradição que vem desde 1956. A Exposição e Feira de
Artesanato de Alagoa Nova traz a comunidade alagoanovense todo um trabalho
desenvolvido durante o ano pelas artesãs da cidade.
Tudo começou quando o diretor da escola de agronomia da cidade
de areia Doutor Luiz Carlos Lira e o extensionista rural Doutor Salvino, e em
parceria com a Prefeitura Municipal de Alagoa Nova e Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), fundaram a escola doméstica na cidade de Alagoa Nova. O
objetivo da escola era capacitar as moças a partir da adolescência para que
elas aprendessem a ser uma dona de casa. A escola ensinava o bordado, a
costura, o crochê, o tricô, a produção de arranjo do lar e a cozinhar.
“As jovens eram matriculadas para cursos anuais e
trabalhavam desenvolvendo seus potenciais artísticos durante esse período. Na
época da fundação, a escola funcionava no imóvel onde hoje é o salão paroquial
e foi escola domestica até o ano de 1986. Atualmente ela é denominada de Centro
Artesanal Deputado Raymundo Asfora, que funciona em forma de oficina de
artesanato, e desde então os cursos de capacitação em artes manuais são
ministrados há quase 60 anos em Alagoa Nova, sendo orientado pelo trabalho de
extensão da Universidade Federal da Paraíba’”, conta Maria do Socorro Barbosa,
funcionaria do Centro Artesanal e filha de uma das professores fundadoras da
escola doméstica.
Local onde funcionava a escola dosmetica, hoje é o Salão Paraquial da cidade. FOTO: Rafaela Lima
Inicialmente eram 8 dias de exposição, onde as alunas até
dormiam dentro das salas para que as pessoas não levassem as peças. A partir de
2010, passou a ser Exposição e Feira de Artesanato, onde as peças
confeccionadas pelas alunas começaram a ser comercializadas. Em média, 1.000
pessoas visitam a exposição todos os anos.
Iraci Nogueira foi uma das alunas do primeiro ano da escola
doméstica, e lá ela aprendeu a costurar e a cozinhar: “Era logo no começo
quando entrei, eu tinha 17 anos. A escola funciona em uma casa que não existe
mais, pois reformaram e hoje funciona o Salão Paroquial. Eu entrei porque meu
pai me colocou, naquela época as moças não escolhiam se iam estudar na escola
domestica ou não, eram os pais que decidiam. Quem incentivou o meu pai para que
eu aprendesse a costurar foi um alfaiate que tinha na cidade. Foi a minha sorte
pois aprendi a costurar e exercei a profissão de costureira durante 22 anos e a
culinária também me ajudou muito pois aprendi cozinhar para a minha família.”
Iraci Nogueira, uma das primeiras alunas da escola doméstica
Hoje o trabalho do centro artesanal não é mais apenas para
preparar as jovens para serem donas de casa, ele contribui para o desenvolvimento
do setor artesanal como estratégia de promoção cultural, econômica e social da
comunidade. Todo esse trabalho possibilitou que associações e cooperativas se
originassem, levando através desses grupos o artesanato alagoanovense para fora
do país, como aconteceu com a COOABAN (Cooperativa das Bordadeiras de Alagoa
Nova). O grupo que trabalha na produção de peças bordadas se destacou pelo
trabalho muito bem feito. Estilistas como Ronaldo Fraga e Lúcia Chianca vieram
até Alagoa Nova para dar curso em relação a tamanho, corte e figurino, para que
as bordadeiras pudessem fazer um trabalho ainda melhor para apresenta-lo fora
do país.
Atualmente o centro artesanal oferece oficinas de bordado
com a mão, pintura em tecido, tecelagem, corte e costura, vagonite, hardage,
crochê, trigo, bordado com fitas, culinária e arranjos do lar. As matrículas
para quem desejar participar das oficinas são realizadas em fevereiro. No
início de março começa o ano letivo que segue até o mês dezembro, onde é
realizada a Exposição e Feira de Artesanato de Alagoa Nova, que neste ano de
2017 aconteceu dos 01 a 03 de dezembro.



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